terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

Sobre a cobertura da Campus Party

Eu não fui na Campus Party, mas bem que gostaria de ter ido... Fiquei acompanhando os eventos pela internet e a cobertura em jornais, revistas e telejornais.
Algo que me chamou a atenção foi o preconceito que ainda existe em torno da tecnologia (leia-se informática e telecomunicações) e quem trabalha com ela, por isso resolvi escrever esse "post-desabafo".
Cansei de ouvir frases como "a festa dos nerds", "os loucos por tecnologia", "a festa da internet", principalmente na televisão, para referir-se a Campus Party. Não sei quanto a vocês, mas para mim nerd soa como algo pejorativo. Para mim nerd é um estereótipo, aquele cara bobo, com dificuldade de relacionar-se, alvo das piadas da turma, bem no estilo dos nerds de filmes americanos. A única coisa positiva nos nerds é que eles são (supostamente) inteligentes, mas é muito melhor ser chamado de inteligente que de nerd. Não adianta sairem reportagens como uma que eu vi na Super Interessante ano passado dizendo que ser nerd virou cult, que os nerds atraem as mulheres, etc. Para mim quem escreve isso é nerd e está querendo se justificar.
O que eu senti é que muitas vezes, principalmente na televisão, o assunto foi tratado com superficialidade, algo como "olha só, 3000 pessoas brincando juntas no computador". A indústria da tecnologia é "recente" (o sr. Graham Bell patenteou o telefone em 1876...) mas movimenta bilhões pelo mundo e é essencial a humanidade (sem exagero, hoje nossa dependência dessas duas áreas é enorme, imagine apenas a medicina e as negociações financeiras sem computadores e telecomunicações); entretanto pessoas insistem em tratar a computação como "coisa de moleques", algo que qualquer um faz.
Realmente, é notória e louvável a democratização ao acesso a informação que a internet possibilita, a facilidade em encontrar conteúdos técnicos (nem sempre de boa qualidade, mas...) e aprender sobre alguma tecnologia, mas o que qualquer um faz está longe de esgotar as possibilidades da computação. Qualquer um utiliza softwares, mas muito poucos tem o conhecimento para escrever bons softwares (baixar um tutorial de C++ é uma coisa, criar um programa estável, bem documentado, útil, reconhecido é outra muito diferente); criar um blog ou site todo mundo cria, mas produzir conteúdo relevante e de qualidade muito poucos produzem
e assim por diante.
As pessoas precisam deixar de lado esses estereótipos e preconceitos e entender que há muita gente séria, qualificada, comprometida, trabalhando com tecnologia e que essa indústria é muito grande e importante para ser tratada com superficialidade.
Duvido que quando a profissão de repórter estava começando alguém se referia a um encontro de repórteres como "a festa dos fofoqueiros" ou "os bisbilhoteiros de plantão". Respeitem os computeiros!

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